Sou cidadão do mundo!
(Sócrates)
SER CIDADÃO
Já lá vão cerca de 2500 anos depois que Sócrates, (mas o sábio grego) registou pela vez primeira que ser cidadão é saber estar no mundo. Mundo este que no seu tempo era um indecifrável mistério no que respeitava ao planeta Terra e onde hoje vivemos como se todos habitássemos numa aldeia global. Nos nossos dias, tudo interfere em tudo e de tudo damos conta com impressionante realismo mesmo que acontecimentos bizarros possam acontecer na incomensurável distância, entre exóticas gentes, com diferentes crenças e diferentemente civilizadas.
Esta interferência tão rápida e tão sistemática pode confundir a nossa consciência cívica e baralhar o nosso entendimento do que seja “ser cidadão”. Ainda mais, e de forma mais angustiante, quando a cidadania se mascara de violência ou de


Parece, porém, que chegamos ao contrário desta elementar equação: os banqueiros, os ladrões fidalgos, os vigaristas titulados são vampiros que tudo comem e não deixam nada. Depois o governo acorre, pressuroso, a título de salvar a estabilidade, a disponibilizar milhões de milhões para que os predadores das finanças, sejam elas públicas ou privadas, continuem livres, sibaritas e na total impunidade.

Entramos, todavia, no tempo safardana, no esquema da golpaça institucional onde vale tudo e tudo tem a bênção da governação.

A pessoa humana resgata-se sempre pelo saber, pela informação cuidada, pelo conhecimento rigoroso. A ignorância torna as pessoas prisioneiras. E sendo prisioneiras também são irresponsáveis. E porque são irresponsáveis não têm deveres nem podem assumir direitos. São os idiotas da sociedade grega em contraponto com os políticos, que sabem, que decidem e fazem.

Os bens públicos são sagrados, tão sagrados que frequentemente, e no quadro duma sociedade marcada pela dominante católica, apostólica e romana, até são benzidos. São ainda sagrados porque foram construidos com dinheiros de todos nós. É por isso que não é aceitável que o cidadão possa assistir com indiferênça aos assaltos, à danificação de cabines telefóninas, à borragem de muros e fachadas. O cidadão, todo o cidadão tem que ser político. E ser político é ser responsável pela sua cidade. A indiferença é o cancro na sociedade actual. Todos temos que ser cidadãos activos, responsáveis e zeladores dos bens que fazem a alegria da comunidade, manifestar a nossa indignação contra a trafulhice, contra a cumplicidade despudorada dos poderes. Seja na minha cidade, seja na sociedade global.
Ancorados na exercício pleno da cidadania, e apesar das ameaças, e das tempestades iminentes, todos poderíamos viver melhor, em 2009.
Basta para tanto que cada um assuma o exercício da cidadania.
Cão Sarnento