segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ARRE CAVACO!

Foi intencionalmente que não ouvi o discurso do Cavaco na posse do novo Governo. Sabia, com a antecedência que os anos ensinam, que ele iria garantir solidariedade institucional, que iria pedir esforço de todos, que ele iria prometer empenho nos bons conselhos.
Solidariedade, colaboração e bons conselhos são particularmente necessários para vencer esta crise que não pode continuar a ser endémica. Disse Cavaco, com certeza...
Os discursos do Cavaco são sempre duma banalidade, formal e material, que a todos nos deveria envergonhar.
Cavaco é um parolo sacado de Boliqueime, mas que ainda não saiu do poço de Boliqueime.
Cavaco nem sequer aprendeu que não se come ou não se mastiga com a boca aberta.
Cavaco cuspilha quando quer falar...
Cavaco faz doer, até magoar, a língua Portuguesa. O solecismo é a sua prática…
É que Cavaco não sabe gramática. Nem literatura. Nem História. Nem quem escreveu “Os Lusíadas”.
Cavaco é capaz de dizer que Vasco da Gama descobriu a Índia…que mandamos na China e no Japão.
Cavaco pensa a nossa História à medida do nosso prestígio no jogo da bola.
Cavaco sempre me embaraça. Não sei se arrota à mesa nos concílios europeus, mas julgo que sim.
Aposto que Cavaco nunca leu um romance. Nem sequer um conto. E muito menos um poema.
Cavaco mexe-me com a espinal medula.
Trepa-me pela garganta, como se fosse um vómito, uma azia triste, quando ele espuma na retórica de chefe.
Triste e pelintra país este que se deixa representar por um Cavaco…
Vale-me ser periférico e estar bem longe do bafio que escorre de Belem…
Sopapos

sábado, 17 de outubro de 2009

DOI MUITO A BURRICE

Dói muito, e dói sempre, não importa a circunstância, dói sempre muito a burrice.
Dói muito e muito e muito mais quando a burrice vem de cima.
Neste caso vem muito de cima.
Senhor PR, vá aprender para a primária do meu tempo, vá aprender a comer com a boca fechada. E deixe a boca sempre fechada para que a asneira não volte a sair...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

LEI 45/2008- INÌQUA E INÙTIL

Mais que iníqua e inútil a lei é perversa. Não estrutura nada de novo, Não vem resolver o que quer que seja e abre até ao osso conflitos latentes.
Contudo, trás consigo, à tona das evidências, duas realidades importantes: a natureza rasca dos poderes políticos, e a abertura à democracia enquanto permite a pertinência da participação do cidadão.
Tudo o resto é veleidade, engodo do poder centralizado, rebuçado letal no caminho da regionalização.
Está o poder central a criar mais uma estrutura intermédia, decalcada nos distritos, distritos esses, que já não servem para nada. Essas estruturas têm custos e não se vê que possam trazer benefícios.
Um país pelintra não pode ter o atrevimento de criar plataformas para encaixar mais inúteis da dita classe política, uma raça que nunca deveria ter existido. A política é uma actividade normal e quotidiana da cidadania., e o grau de democracia sempre se mede pelo grau de participação das pessoas.
É repelente ouvir um entronizado político perguntar ao cidadão duma profissão comum o que é que você fez pela pátria, pelo concelho, pela freguesia…
O senhor actual Presidente da República esbanjou os fundos comunitários no tempo das “vacas gordas”. Eu, entretanto era uma banal professor periférico, mas a incitar os meus alunos para aprendizagens que hoje lhes servem de boas ferramentas para resolver problemas do seu quotidiano. Eu fui melhor político, porque desempenhei melhor o meu papel de cidadão, do que um Cavaco que deu milhões a um Roussel para este fazer que fazia uma exploração agrícola de alto coturno em terras alentejanas.. Passem pelo Brejão e vejam, com olhos vistos, o que aconteceu…
Esta lei é inútil porque se limita a criar mais umas gamelas onde vão pastar mais uns quantos afilhados…
A organização administrativa do nosso país é ridícula e hilariante. Imaginem que há concelhos com 1, 2,3, 4, freguesias e um com 89.
Imaginem que há um concelho com 1.767 habitantes e um outro com 509.751 e depois outro com 428.470. E todos têm o mesmo estatuto jurídico-administrativo…
Andamos a brincar a reformas quando era necessário refundar o país em critérios de razoabilidade que soubessem cruzar critérios de dimensão territorial com densidade populacional…
Esta lei é para entreter pacóvios, para aflorar ciúmes, para engodar vítimas da crise…
Peguem na reforma de Mouzinho da Silveira, deitem-na fora e façam uma para os nossos dias…
O drama é que cada um fez, ou quer fazer, o seu ninho dourado à custa do liderato político e deixa que a herança da refundação venha para quem chegar depois.
O pior é que andamos nisto desde a segunda dinastia. Somos um país de traficantes e transporte e não um território capaz de aproveitar as excepcionais condições naturais que temos para ser um país produtor…
Senhores donos das políticas, deixem-se de brincadeiras…
Vão todos tomar banho!
José Candido Rodrigues

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

JUSTIÇA RAFEIRA

Uma de duas: ou a justiça entonteceu ou nós, quase todos, estamos malucos.
Os casos são muitos, os factos abundam, o pequeno delito, que poderia ser resolvido com uma pena cívica, leva um jovem à cadeia, que é uma excelente escola de vícios. Entretanto, os gabirus de gravata, os gajos das grandes golpadas, os “vampiros” que chupam o sangue e o suor de quem trabalha, contratam advogados atrevidos, tratantes nas rábulas jurídicas, expeditos nos truques formais. E merecem reverências das televisões e dos jornalistas de “aeiou”.
Veja-se Sá Fernandes a achincalhar o Ministério Público com dichotes de inglês de taverna. Veja-se o Presidente da República, Supremo Magistrado, a ratificar toda a plena confiança no senhor Dias Loureiro, um salteador de fraque e requintado perfume.…
Mas tudo isto são pinceladas que marcam o surrealismo das nossas instituições judiciais e que o Bastonário da Ordem dos Advogados, com a autoridade da investidura e a coragem da gente da terra firme, frequentemente denuncia…A mim, o que mais me dói, o que me dá vómitos, o que me cheira mal mais que a trampa da latrina antiga é o caso da Esmeralda, a pequenina de Torres Novas, e a forma peçonhenta e animal como o tribunal trata uma criança.
Uma criança não é um ser biológico como um saco de batatas, como um vitelo, nem sequer como um gato que se possa traficar no mercado das leis.
Uma criança é, antes de mais, um corpo de relações afectivas, um encanto feito de ternuras insistentes e persistentes, uma dedicação com balizas de permissões e de interditos.
O papel do pai na criação é tão fundamental como ocasional. Uma queca de momento leva um arteiro espermatozóide à fecundação do óvulo. Depois o pai pode pirar-se, esquecer, desertar. No ventre materno cruzam-se e organizam-se as células do novo ser, que só a mãe carrega e alimenta…O pai pode, mas não deve, vadiar por longes portos, curtir outras fortunas, fecundar, fecundar, fecundar e cavar, zarpar, escapulir-se…
Esta foi a sorte da Esmeralda, cuja mãe, sem posses, a entregou aos pais dos afectos, das ternuras, dos carinhos. Aos pais que lhe deram o biberão, lhe mudaram as fraldas, acordaram pressurosos ao choro ocasional… A criança era um mimo num prado verde, um pássaro encantado num jardim de Primavera, ou perdido na abundância dum Outono fértil.
Eram cinco anos quando um Baltazar Nunes quis buscar o fruto da sua semente…
E o tribunal consente… Eu, é que não entendo.
Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos. Não me recordo do orgasmo da procriação…. Mas como eu tenho saudades dele!!!!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

EDUCAR È PRECISO

Segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009
Educar é inserir e comprometer na estrutura social numa dinâmica de vanguarda.
Para estar na vanguarda, para liderar processos, para que o exercício duma cidadania plena seja conseguido é necessário que o cidadão seja plenamente livre e só assim poder ser responsabilizado em plenitude.
Depois, é indispensável que os contributos operacionais no contexto cívico sejam novos e não pura repetição de coisas do passado.
Esta, a celebração e comemoração dos idos é uma maleita nacional que teima em chamar cultura a passados memorizados. Na verdade não há cultura que não seja proactiva.
Assim, educado não é aquele que reproduz, que repete, que diz muito bem o que outros já disseram antes, mas quem é capaz de produzir, de inovar, de buscar um novo sol para além das nuvens.E também marginal: marginal mas dentro das margens.
Não importa acrescentar novas quantidades da velha natureza, das coisas e das práticas sociais que já foram e que valem como experiência.
É necessário introduzir entropias, promover o corte epistemológica para que a sociedade, que é a casa do cidadão, se oriente, e sempre reoriente para novas buscas e novos rumos…
Não é importante correr: importante é caminhar na direcção certa.
E esse rigor de inovar exige sempre saber o porquê e o para quê dos nossos procedimentos. É assim que, dia a dia, momento a momento, a nossa auto-avaliação nos move para descoberta de caminhos novos, para busca da virtude da incessante mudança. Porque toda a mudança é, em princípio, uma prática virtuosa… A inserção na estrutura social e os compromissos pertinentes e convenientes a assumir dentro dessa estrutura de pertença implicam e exigem muitas aprendizagens e o subsequente e adequado desempenho… Colocámo-nos assim perante uma das palavras de maior equivocidade , mais polémicas e mais maltratadas nos últimos tempos: a AVALIAÇÃO. Culpa de quem pode e manda no Sistema Educativo e que prova não entender nada da avaliação, e culpa de quem replica na onda corporativa e primária, mais possuídos duma inteligência límbica que leva, tão só, à conservação da espécie.
Deparamos, dolorosamente, com um défice de rigor conceptual que deveria explicar para que a AVALIAÇÂO possa ser aceite, desejada e até exigida.
A avaliação é, em primeiro lugar, uma prática sistemática do conhecimento: passam por nós, em cada dia, incontáveis sinais que cada um criva ou joeira, fincado em duas referências fundamentais que constituem o cerne dos objectivos pedagógicos: as necessidades e os interesses. Aprendemos sempre, e só, aquilo de que temos necessidade ou o que vai dar satisfação aos nossos interesses.
A avaliação é, ainda. um quadro de referências éticas e estéticas que condicionam e movem, cada pessoa, a actos de opção ou recusa em conformidade com os registos que cada um inscreve nesse quadro de valores.
É correcto afirmar que educar é, numa afirmação diferente mas redundante, levar o aprendente a saber assumir e aplicar um modelo adequado de auto-avaliação.
Esta auto-avaliação (mais ou menos adequada na sociedade ou na simples comunidade de pertença) é o resultado duma avaliação externa, adjuvante e apreendida no processo educativo que decorre do projecto curricular e dos empenhos partilhados e repartidos entre escola e família.
Faça-se notar que o empenho da família é cada vez mais débil, e menos eficaz, particularmente nos grandes centros urbanos, quando, como é cada vez mais habitual, ambos os progenitores trabalham, deixando o lar muito cedo e regressando muito tarde.
Não é possível nesta correria, encontrar disponibilidade psicológica e física para acolher e amparar os filhos, num diálogo aberto e franco e sempre em sintonia com as suas inquietações psicológicas e o seu crescimento físico, como era conveniente e desejável. A mãe não é mais a fada do lar, a reserva de ternuras e de afectos, enquanto o pai se apresentava como referente dos interditos. Era assim que dentro da casa familiar se criavam e desenvolviam equilíbrios e que a escola era alfobre fértil de cidadãos para os amanhãs futuros.
O esboroar do núcleo familiar tradicional e a concomitante massificação da escolaridade veio carregar os docentes das tarefas que no antigamente eram partilhadas com a família…
Mas EDUCAR É PRECISO. Sob pena de não haver futuro.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

MORDER É PRECISO!

Não sou nem ateniense, nem grego…
Sou cidadão do mundo!
(Sócrates)

SER CIDADÃO

Já lá vão cerca de 2500 anos depois que Sócrates, (mas o sábio grego) registou pela vez primeira que ser cidadão é saber estar no mundo. Mundo este que no seu tempo era um indecifrável mistério no que respeitava ao planeta Terra e onde hoje vivemos como se todos habitássemos numa aldeia global. Nos nossos dias, tudo interfere em tudo e de tudo damos conta com impressionante realismo mesmo que acontecimentos bizarros possam acontecer na incomensurável distância, entre exóticas gentes, com diferentes crenças e diferentemente civilizadas.
Esta interferência tão rápida e tão sistemática pode confundir a nossa consciência cívica e baralhar o nosso entendimento do que seja “ser cidadão”. Ainda mais, e de forma mais angustiante, quando a cidadania se mascara de violência ou deintolerância, de vigarice institucionalizada e tutelada, a maior vergonha deste sc. XXI…A cidadania inscreve-se num quadro de deveres e de direitos. E nunca há deveres de cidadania sem os respectivos direitos, nem direitos sem os prévios deveres.
Parece, porém, que chegamos ao contrário desta elementar equação: os banqueiros, os ladrões fidalgos, os vigaristas titulados são vampiros que tudo comem e não deixam nada. Depois o governo acorre, pressuroso, a título de salvar a estabilidade, a disponibilizar milhões de milhões para que os predadores das finanças, sejam elas públicas ou privadas, continuem livres, sibaritas e na total impunidade.Todo o cidadão, e os governantes deveriam dar o bom exemplo, deveria perguntar primeiro, a si próprio, o que pode fazer pelo país, pela própria humanidade…Deveria saber primeiro qual é o quadro de deveres perante o próximo, e só depois reivindicar direitos, manifestar os seus interesses e exigir compensações agir profissionalmente.
Entramos, todavia, no tempo safardana, no esquema da golpaça institucional onde vale tudo e tudo tem a bênção da governação.“Ser cidadão” é estar bem informado dos deveres e dos direitos. Quando assim não acontece as pessoas ficam reduzidas à condição de objectos e podem ser escravizadas por uma utopia idiota ou por uma crença imbecil.
A pessoa humana resgata-se sempre pelo saber, pela informação cuidada, pelo conhecimento rigoroso. A ignorância torna as pessoas prisioneiras. E sendo prisioneiras também são irresponsáveis. E porque são irresponsáveis não têm deveres nem podem assumir direitos. São os idiotas da sociedade grega em contraponto com os políticos, que sabem, que decidem e fazem.O exercício da cidadania começa na comunidade, junto dos vizinhos, bem perto do próximo recomendado na Bíblia. Não podemos exercer a cidadania num contexto mundial esquecendo o local. É por isso que é dever do cidadão ser solidário, proteger os bens públicos e privados, embelezar o ambiente, denunciar os vandalismos, a estragação, os atrevimentos e as agressões ao “próximo”.
Os bens públicos são sagrados, tão sagrados que frequentemente, e no quadro duma sociedade marcada pela dominante católica, apostólica e romana, até são benzidos. São ainda sagrados porque foram construidos com dinheiros de todos nós. É por isso que não é aceitável que o cidadão possa assistir com indiferênça aos assaltos, à danificação de cabines telefóninas, à borragem de muros e fachadas. O cidadão, todo o cidadão tem que ser político. E ser político é ser responsável pela sua cidade. A indiferença é o cancro na sociedade actual. Todos temos que ser cidadãos activos, responsáveis e zeladores dos bens que fazem a alegria da comunidade, manifestar a nossa indignação contra a trafulhice, contra a cumplicidade despudorada dos poderes. Seja na minha cidade, seja na sociedade global.
Ancorados na exercício pleno da cidadania, e apesar das ameaças, e das tempestades iminentes, todos poderíamos viver melhor, em 2009.
Basta para tanto que cada um assuma o exercício da cidadania.

Cão Sarnento